domingo, 13 de junho de 2010

CRÔNICAS MAÇÔNICAS - A GOTEIRA



Sabe Zé,
Preciso te contar uma estória...
Tava eu, uma noite dessas, procurando uma loja pra comprar o seu presente de natal, quando encontrei um prédião, tudo acesso, cheio de gente. Êta turma boa!
Perguntei:
Aqui é uma loja de pedreiros?
Ao invés de resposta, foi só abraço.
Descobriram que eu sou mecânico, porque todo mundo perguntava onde era minha oficina.
Lojona bonita, com quadros, tapetes... até livro de visitante precisava assinar.
Gozado que tava um calorzão danado, e eles me perguntaram quantos graus tava fazendo... não tinha termômetro, mas devia de tá mais de trinta, então, carquei lá no livrão:- 33. Acho que acertei na mosca porque todo mundo me abraçou bastante.
Depois entrou todo mundo pro salão onde tava as mercadorias. Tinha cuié de pedreiro, régua, esquadro, compasso... até pedra.
Tinha também mesas e cadeiras que não acabava mais. Algumas dessas mesas devia ta com o tampão solto, porque os caras pegaram uns martelinhos e começaram a bater nelas. Acho até que a porta tava empenada, porque um sujeito bateu nela com o punho da espada.
Depois, pensei que um indivíduo lá era cego. Perguntou onde tinha assento o fulano...onde tinha assento o cicrano e ainda queria saber que horas eram. Coitado! E teve até um espírito de porco, gozador, que falou que era meio-dia em ponto e ele acreditou...magina!
Depois acabou indo outros sujeitos perto dele e um deles reclamou de um tal de Araão, que fez estrago com óleo. Disse que derramou na cabeça, na barba e ainda no vestido de uma tal de dona Orla. Confirmei que o cara era cego porque ele falou que a loja tava aberta, mas olhei pra porta e vi que tava fechada...ué???
Nessa hora notei que até lá você era conhecido.
Sentiram a sua falta e começaram a perguntar : - E o Zé?...e o Zé?...e o Zé? Depois agüentei um tempão um cara falar umas baboseiras que não entendi nada e, até que enfim, mandaram fazer as propostas.
Veio então um cara com um saquinho e começou a recolher as propostas, mandei logo a minha: Dava cincoenta mangos naquela corda, cheia de nós, pendurada lá encima. Sabe? Achei que fui “munheca” demais. Eles inventaram que tava chovendo, que tinha goteira e acabaram me botando pra fora.
Tá certo. Era justo. Era perfeito. Mas bem que podiam fazer uma contraproposta.

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